O poema

O poema é a metáfora de mim

Sou eu no concreto estranho das palavras

Num outro lado dum outro espelho

O poema é a vida que se me gasta

Á velocidade da tinta desta caneta

E é o teu olhar, escuro, a insistir sempre em tornar o mundo tão claro

Tão estranhamente claro

O poema é as horas que somei, de espera, á tua porta

És tu quando alinhas o caracol que faltava

E sorris…

E o poema é o mundo a pulsar do lado de dentro das palavras

É musica, é vida

É a mulher que passa na rua e sorri

E a menina que nunca vai para a cama a horas

O poema é tantas vezes a minha guitarra

Tantas vezes o vento a cantar contra uma árvore

E o poema é uma criança

Sempre inocente

Sempre sincera

E sempre espada e serpentes nos meus braços

O poema é um cavalo

É um barco que navega em si

É um definir-se eterno

E são as aves, as marés e os ventos

Em que vejo ir e chegar o mundo

O poema é movimento

É força, e elegância

O poema é tudo isto

Ou talvez as memórias, ideias e sonhos que tenho disto

O poema é a procura de si

Tiago Marcos

chomanno
Enviado por chomanno em 26/10/2006
Código do texto: T274005