O poema
O poema é a metáfora de mim
Sou eu no concreto estranho das palavras
Num outro lado dum outro espelho
O poema é a vida que se me gasta
Á velocidade da tinta desta caneta
E é o teu olhar, escuro, a insistir sempre em tornar o mundo tão claro
Tão estranhamente claro
O poema é as horas que somei, de espera, á tua porta
És tu quando alinhas o caracol que faltava
E sorris…
E o poema é o mundo a pulsar do lado de dentro das palavras
É musica, é vida
É a mulher que passa na rua e sorri
E a menina que nunca vai para a cama a horas
O poema é tantas vezes a minha guitarra
Tantas vezes o vento a cantar contra uma árvore
E o poema é uma criança
Sempre inocente
Sempre sincera
E sempre espada e serpentes nos meus braços
O poema é um cavalo
É um barco que navega em si
É um definir-se eterno
E são as aves, as marés e os ventos
Em que vejo ir e chegar o mundo
O poema é movimento
É força, e elegância
O poema é tudo isto
Ou talvez as memórias, ideias e sonhos que tenho disto
O poema é a procura de si
Tiago Marcos