Do Mundo Que vejo
O mundo é um lugar fodido.
Dividido.
Dividido em homem e mulher.
Homem e mulher se dividem em feio, rico, bonito.
Estes formam casais.
Casais geram filhos.
Família.
Normalmente família tem casa.
Casas aglomeradas originam quarteirão,
Que é cortado por ruas.
Nascem bairros.
Surge uma cidade.
Determinado número de cidades
Forma um estado.
E assim vai.
O mundo é um lugar imaginário.
Mas funciona.
Um mineiro sem sotaque,
Morador de divisa,
Discute com um capixaba,
Também morador de divisa,
Só porque acha que o rei deles,
É melhor que o nosso.
E vice-versa.
Lógica absurda, mas funciona.
Por isso que temos continentes,
Países, regiões, mares, estados,
OTAN, ONU, desenvolvidos, subdesenvolvidos,
Emergentes, emirados, ferrados,
A droga da África,
E a puta-que-pariu.
É por isso que a África dá pena
E os fedorentos franceses têm moral.
Sem falar dos americanos.
“Quem, nós?”
Não, porra.
Nós somos sul-americanos.
Deus destrua a América.
Ou os enviados dEle.
Ou seria de Alá?
Sei lá.
Sei de um homem barbudo que fala de Deus e mata.
Sei de um presidente americano que fala de Deus e mata.
Em qual mentira vou acreditar?
Sei lá.
Acho que Cristo já voltou
E levou quem tinha de levar.
Porque ao que parece,
Ninguém merece ser salvo.
Se não voltou, não volta mais.
Ninguém merece ser salvo.
É claro, estou julgando sem pensar.
Mais um desabafo emputecido,
Do que algo consciente.
Esqueça.
Acho que serei salvo.
Você também.
Só não tem coragem de dizer.
Imagine então.
Tudo é imaginação.
Inclusive as divisões do mundo.
O mundo é um lugar dividido.
E aposto que tudo começou
Por causa de uma vagina
Bem rosa.
O homem é capaz de grandes atos
Por causa de uma vagina.
A primeira divisão de terras
Deve ter sido por uma.
Tudo é vagina.
Eu já disse eu te amo
Por causa d’uma.