SEM PALAVRAS....

PALAVRAS A DEBITAR,

DE TANTO AMOR SE CURVAR,

DESALINHOS DA VIDA CONDENAR,

COMISERAÇÃO ESPERAR,

PERDÃO NÃO AGUARDAR,

INESGOTÁVEL FONTE SERENAR,

ESPERANÇA LOUVAR,

MORRER DE ALEGRIA, ABRAÇAR,

CACHOEIRAS DE LÁGRIMAS, CHORAR,

AMOR INCONDICIONAL AMAR,

AMOR DE MÃE,

DELE NÃO SE PODE ESCAPAR.

CELSO PANZA. HOMENAGEM A GHIARONI, CRÔNICA NO DIA DAS MÃES.

-Guioseppe A. Ghiaroni

Mãe! Eu volto a te ver na antiga sala

onde uma noite te deixei sem fala

dizendo adeus como quem vai morrer.

E me viste sumir pela neblina,

porque a sina das mães é esta sina:

amar, cuidar, criar, depois… perder.

Perder o filho é como achar a morte.

Perder o filho quando, grande e forte,

já podia ampará-la e compensá-la.

Mas nesse instante uma mulher bonita,

sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita

ainda se volta para abençoá-la…

Assim parti, e nos abençoaste.

Fui esquecer o bem que me ensinaste,

fui para o mundo me deseducar.

E tu ficaste num silêncio frio,

olhando o leito que eu deixei vazio,

cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira

e te encontro quietinha na cadeira,

a cabeça pendida sobre o peito.

Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.

Quero acordar-te, mas não sei se devo,

não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,

de te mostrar nas rugas do meu rosto

toda a miséria que me aconteceu.

E quando vires e expressão horrível

da minha máscara irreconhecível,

minha voz rouca murmurar: 'Sou eu!'

Eu bebi na taberna dos cretinos,

eu brandi o punhal dos assassinos,

eu andei pelo braço dos canalhas.

Eu fui jogral em todas as comédias,

eu fui vilão em todas as tragédias,

eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.

Vivi a vida, vivi muitas vidas,

e só agora, quando chego ao fim,

traído pela última esperança,

e só agora quando a dor me alcança

lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.

Mas que foi? De repente ouço um ruído;

a cadeira rangeu; é tarde agora!

Minha mãe se levanta abrindo os braços

e, me envolvendo num milhão de abraços,

rendendo graças, diz: 'Meu filho!', e chora.

E chora e treme como fala e ri,

e parece que Deus entrou aqui,

em vez do último dos condenados.

E o seu pranto rolando em minha face

quase como se o Céu me perdoasse,

me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.

Lembro que fui criança, que fui puro.

Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta

que eu compreendo o que significa:

o filho é pobre, mas a mãe é rica!

O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,

mas que me beija como agradecendo

toda a dor que por mim lhe foi causada.

Dos mundos onde andei nada te trouxe,

mas tu me olhas num olhar tão doce

que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade

maior que todo o mal da humanidade

purificada num amor fecundo.

Por mais que o homem seja um mesquinho,

enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho

cantará a esperança para o mundo!

.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/02/2011
Reeditado em 07/02/2011
Código do texto: T2778230
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.