AVESSO

O que há aqui por dentro, invisível

à luz de qualquer olho mais atento.

é tanta fantasia e movimento

que brinca em meu olhar perceptível.

O que há neste avesso, intranquilo,

onde um verso se compôs desde o começo

são marcas do que eu canto ou padeço...

são os tons reais, que moldam o meu estilo.

O que há neste outro lado, oculto ao mundo

é mistério, papel branco rabiscado,

um pouquinho que conheço, revelado...

e um grande espaço a frente, um poço fundo.

O que há por descobrir sobre o que sou,

é imenso lago manso, ou furacão,

dependendo do que colho com paixão,

ou da serenidade em que estou.

O que há de colorido, alegre ou puro,

é maior, se sussurrado ao pé do ouvido,

pois transborda, se esparrama nos sentidos,

dessa paz que se acostuma ao céu escuro.

O que há que se rebela e vem a tona

é o mar azul, pintado na aquarela...

que existe interna e ao riso se revela,

que o simples da amizade impulsiona,

O que há é o gosto tanto do presente,

é o sonho permanente e atrevido,

é o doce do saber a ser sorvido,

um imenso e claro anseio de ser gente.

O que há contrário a tudo e até banal

é a simplicidade como escudo...

diante dos algozes não ser mudo ,

é o olhar teimoso, astuto, original.

O que há pelo avesso é poesia

é o belo da palavra em adereço,

é o toque do amor onde abasteço...

a fonte que transborda dia a dia.

Dete Acioli
Enviado por Dete Acioli em 12/02/2011
Reeditado em 13/02/2011
Código do texto: T2788010
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