Partilha
De uma semana cansado
Com o corpo quebrado
De viver explorado
Pelo voraz patrão
Acorda atrasado
Sai descabelado
Esquecendo o guisado
O infeliz peão
Ao bater meio-dia
Com a barriga vazia
O peão desconfia:
- Hoje num como não
Ante o olhar insosso
Aproxima um bom moço
Com um guisado de osso:
- Venha cá meu irmão
- A partilha é nosso abrigo
Todo mundo está contigo
Aqui você tem amigo
A turma tem coração
- Ouça bem o que lhe digo
Comerás o melhor trigo
Terás doce de figo
E farta refeição
Começou a caminhada
Para compor a pratada
Colherada a colherada
Doada por cada mão
De toda comida provada
Foi a mais variada
Também mais temperada
Na vida do peão
Comeram à vontade
E em solidariedade
Viram a possibilidade
De fazer revolução