Depois das corredeiras...

Vagante, arqueada por curvas e tropeços,

No leito que me serve o fundo de presságios,

A minha nau, incólume ante os recomeços,

Ancora em cada vaga, sem temer naufrágios.

Virada a quilha, segue em nova aprendizagem,

Os ventos e mazelas traçam suas rotas,

Vai presa pelos elos, segue na paisagem,

Adentra a vida, escola à beira das derrotas.

Chegada a porto, arreio velas e respiro,

Balanço-me ao som das marés e correntes.

Deixei um rastro sobre o mar, nele me inspiro,

Porque no leme as minhas mãos já são ausentes.

Ah, mas no fim do mar, depois das corredeiras,

irei vogar, liberta então das minhas beiras!