Fui
Somos meninos desprotegidos
Você precisa de mim
Eu ofereço colo
Noutro dia sou eu quem preciso
Peço socorro e você não escuta
Não entende e ainda briga
Acha ruim, chato, o saco.
E eu fico aqui
Desprotegida
Com as mãos em concha a aguardar
A compreensão que não vem nem virá
A vida chama, as pessoas passam e eu choro,
Estendo as mãos e aguardo a esmola
Ela vem aos poucos na forma da troca
Das migalhas que ofereço
Das luzes que acendo
Me repletam as mãos
Me fartam o coração
Aquecem minha alma.
Prossigo.
Ainda olho ao longe.
Onde ficou você, em que caminho?
Perdão, aceitação ou compreensão?
Não sei
Sei apenas que passou e se foi
E eu voltei
Sem me sentir desprotegida
Caminhei novamente...