monólogo

p/ Felipe Ferreira

num canto qualquer desse absurdo

dorme a natureza febril

do som... da voz... dos gestos.

é passagem, "transfiguração" de apelos

codinomes monstruosos da paisagem árida

e tão cheia de vida

já dorme o tempo

em tempos de solidão e miséria

mas a curto e brevíssimo passo

num ímpeto voluptoso da mão

a gaveta é aberta...

lá está ele

silencioso e tranquilo

à espera do verbo que o rasgará

e o transformrá

da renúncia

da solidão

da inércia

t r a n s f i g u r a n d o - s e

em som... em voz... em gestos e...

aplausos

descerrem as cortinas

o papel será cumprido.

Marco Carneiro
Enviado por Marco Carneiro em 07/11/2006
Reeditado em 07/11/2006
Código do texto: T284186