Pobre gota d’água
Pobre gota d’água caída do lindo céu
Antes se abrigava nas nuvens e ao mundo todo conhecia
Hoje desliza sem ser notada, sem importância aos olhos indiferentes
Que a ignoram sem reconhecer seu passado nobre
Pobre gota d’água caída do lindo céu
Estava ela vagando pelos ares
Acompanhada dos belos montes e das impávidas aves
E, de repente, desce dos ares em direção ao solo
Pobre gota d’água caída do lindo céu
Descida num rio que corre e não diz aonde vai
E se perde na necessidade humana de sobreviver
E levada para os canos das cidades não sabe o que lhe espera mais
Pobre gota d’água caída do lindo céu
Circulando presa por quilômetros de tubos escuros
Lembra do tempo que via o magnífico azul celeste
Imagina quando poderá encontrar futuro que lhe preste
Pobre gota d’água caída do lindo céu
Desliza correndo sob as tubulações
E como num passe de mágica vê em sua frente a luz
Da ponta da torneira que lhe mostrará mais um infinito de emoções.