Tempo de guri

Lembro-me quando criança,

Entre a mamãe e o papai,

Passeava com segurança

Da minha memória não sai,

Entendia pouco da vida,

E não previa o meu futuro,

De passo a passo na avenida,

Nem me cansava, eu te juro,

Chorava fácil, mas sem motivo,

Uma tática que aprendi,

Isso não encontra nos livros,

É manha real de guri,

E se não tirar quando pequeno,

Esses mimos, essas pirraças,

Perde o sono, toma sereno,

Decepção que não passa,

Mas nessa fase do crescimento,

Nada parece anormal,

E por mais que seja birrento,

Alguns até acham natural,

Passando até da medida,

Chega a fazer uma chantagem,

Pede doce, bolo e bebida,

Só pra manter a imagem,

Se toma refrigerante gelado,

A resistência sente e abala,

Em pouco tempo fica mijado,

Porém não reclama e não fala,

Deixa que a mãe sabe o dever,

E a troca vem de imediato,

Mas tarde vai aprender,

O que é correto de fato,

Vê as fantasias do mundo,

E não sabe o quanto lhe custa,

Se o mar é raso ou profundo,

A necessidade se ajusta,

Logo se vê na escola,

Na condição de aprendiz,

No recreio bate uma bola,

Se faz um gol, fica feliz,

Volta pra sala suado,

Conta vantagem e fala alto,

Na matéria está desligado,

Sobre as planícies e os planaltos,

A professora grita outra vez,

Chamando claro sua atenção,

Mas ele já virou freguês,

Sua moral caiu no chão,

Já não passava de ano,

Desistiu da vida escolar,

Das conseqüências veio o engano,

Sem futuro, a vegetar.

Francisco de Assis Silva é Bombeiro Militar em Rondonópolis.

Email: assislik@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 13/03/2011
Código do texto: T2845493
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