A minha vingança
Era para ser um sonho
o que terminou em pesadelo,
e eu, que sonhei com as flores,
terminei entre os seus espinhos.
Eu quis passar leve pela vida,
de um modo silencioso,
apenas sorriso,
somente aroma e brisa,
e me vi diante de um furacão,
ruidoso e pesado,
e resisti o mais que pude,
além até do que podia...
(que mal, e a quem o terei feito,
eu me pergunto,
sem me esquecer das minhas falhas.
De qualquer modo acho que o castigo
é incomensuravelmente maior
que a minha culpa)
E visto que não há desculpas
que aplaque este furor,
o que mais posso fazer
além do que já tenho feito?
E se mesmo assim não há mais jeito
devo enfim partir sem mais tardança,
devo assim reconhecer por fim
que nada mais devo esperar
além desse longo desespero
que me corta a alma,
que me congela os sentimentos,
que destrói um por um todos os meus sonhos,
que tira de mim aquele ar risonho
que eu tinha no início desta caminhada.
E nada, nada mais me importa.
E eu não desisti por covardia
(que ninguém jamais nisso acredite),
desisti por ser esta a única opção
que encontrei à minha frente.
Mas os sonhos,
deles eu não me esqueço,
e das flores eu não desisto,
e o meu sorriso, embora escondido, permanece,
e deixo aromas pelo ar,
suaves com estas canções.
E esta é, e para sempre será,
a minha vingança.
E mais uma vez eu lhes digo:
se foi assim, é porque assim,
e somente assim, tinha que ser.