Perdão

Terra!

Quem te fez sofrer assím?

Quem abalou teus humores

para buscares o teu fim?

Se da vida a vaga levas

entre pavor, convulção e dores

que vezo este, expressivo

de fluir e refluir horrores?

Do vulcão o resfolegar

de lavas a descer

coleando a montanha,

demostrando ira tamanha

em seu derramar convulsivo!

Terra!

Abriste do céu a comporta

e num assomo de ódio e vingança,

sobre teus filhos ora avanças,

contá-los já pouco te importa.

Se não os mataste de sede

sob o sol abrasador,

leva-os sem barco ou rede

aos borbotões do teu pranto

a afoga-los pelas ruas, pelas

praças e proprio canto

já sem teto e sem parede.

Terra!

Demonstraste tua dor

a torcer-te em terremotos,

com tsunamis e maremotos,

numa demonstração insana,

pela ingratidão humana.

Terra!

fizeste-nos lembrar

que és nossa casa,

nosso berço, nossa mãe

e nosso ninho.

Reclamas assim todo o carinho

que não soubemos te dar.

Pelos filhos que perdemos

pela mágoa incalculável

que nos fere o coração,

contritos e submissos,

aguardamos o teu perdão.

Christina Cabral
Enviado por Christina Cabral em 18/03/2011
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