De Volta

Sobre os ombros, o peso de um mundo em preto e branco.

A estrada é de volta.

Mesmo com o sol entre as nuvens,

O céu me brinda com um azul quase celeste.

Retomo as penas...

Transformando-as em asas...

Do chão ao infinito do ar, torno o impossível uma chance.

Nem tento o tempo...

Saio desta órbita natural e

Forço os ponteiros do relógio.

Atraso os minutos.

É meu todo o tempo.

Retroceder, retrair, refletir, impulsionar, seguir...

Não conheço o medo e nem me quero de volta.

Só me aproximo do que eu sempre soube que seria.

Sobre os ombros, o alívio de um mundo em cores.

Minhas tintas, meus pincéis, minhas dores.

Retorno, como quem renasce.

E do aborto às pressas de um sonho quase parido,

Coragem me brinda semente e mais versos.

É feto de luz.

Semente de amor.

E da minha vida, sem pressa, o cultivo das flores e o descuido com meus espinhos.

Será assim...

Sempre assim...

Até raiar o dia em que em mim dormirá a esperança.

Verde... azul, amarelo dourado, vermelho, laranja...

E nos meus ombros, todas as cores e mil mundos.