Velha palhaça
Rugas no meu rosto são lembranças de riso e choro
Dentres as fortes e doídas está a velha palhaça
Que fez graça da própria desgraça
No terreno mais árido, fez nascer filhos e flores
Vida mágica de quem transformava fogo em água.
Em minha retina é lembrança e formação
A falta de vergonha perante os desafios
O foco no correto e o dever como devoção
O humor como arma e ferramenta
Bênçãos e beijos nos cabelos suados.(lembro).
As broncas, os traquinos, as sacolas e as caretas
Histórias surreais com café e feijão
“Pêdo moreira”, “Dona quiquinha” e “Cancão de fogo”.
Risos, peidos, cismas, carinho e entrega.
Na despedida: fim da lição (raiva e decepção)
Num mundo agora mais sério e sem cor
Nego-me contemplar o vazio da matéria
Prefiro o regozijo da memória: alegria
Finalmente, quebro o silencio.
Não que tenha aceitado, acho que fui convencido
Que mesmo a árvore mais alta e frondosa
Sucumbirá um dia à lei natural
E eternizar-se-á deixando ecoar risadas eternas