De costas para o Sol

Tenho a sensação de que me pregaram uma peça, pois primeiro alguém chega e diz: tome, o mundo é todo seu, pode brincar aqui à vontade. Este é o seu chocalho, o seu trenzinho, esta é a escola que você vai começar a freqüentar no outono. Para depois gritarem: primeiro de abril, primeiro de abril, você caiu feito um patinho! E então voltarem a

me arrancar o mundo das mãos.

Jostein Gaarder

De costas para o Sol

Somos todos corpos celestes

Afoitos espaço a fora

A trezentos mil quilometros luz

No triste intuito de desbravar o espaço.

As vezes anoitecidos

Com o eixo de costas para o Sol

As vezes amenhecidos

Ignorando a existência de qualquer explosão.

Buscando completar nossos ciclos

Com medo do faz de conta

Em direção contraria ao mundo platônico

Perdidos entre planetas anões.

Sei, sou um

Entre cinqüenta sextiliões

Um, ainda que de costas para o Sol

Uma única e fantasiosa estrela.

Sei

Mais ele não

Ele não sabe que eu sei

Um dia eu vou explodir.

Virar poeira

Me perder entre as galáxias

Dar lugar a outras estrelas

Sem brilho e sem lua.

Saint Claire

10/11/2006

14h01m.

Dimythryus
Enviado por Dimythryus em 10/11/2006
Reeditado em 17/11/2006
Código do texto: T287631