Recompensa
Leio-te com cautela
Aparento inocência
Simulo ingenuidade no olhar.
Sigo seus passos, caminho devagar,
Vou pelas beiradas, com cuidado
Olho-te de canto,
Calmamente remando
Em alto-mar.
Ajusto suas velas,
Adapto-me a elas,
Mergulho por sua história,
A sua mente estou a mapear.
Descobrindo seus segredos,
Desvendando seus mistérios,
Inalando seus desejos,
Sentimentos,
E o que me pedes com o olhar.
Você não me diz nada.
Mas quer que eu te leia.
Mal sabe você que já te sei de cor.
Faço-me de desentendida,
Disfarçada atrevida,
Já invadi a sua vida
Sem medo e sem dó.
Você acha que anda sozinho
Mas sempre me permite
A caminhar contigo
Pois sabes que eu nada tenho a cobrar.
Então você se prende
À liberdade que eu te dei
E a recompensa que eu ganhei
É que estás sempre comigo,
Mesmo quando não estás.