Armário Velho
Já era mês de agosto,
Um domingo bem claro e belo,
Passei uma água no rosto,
Fui revirar um armário velho,
Lá encontrei recordações,
Há muito tempo guardado,
Registro das emoções,
Dentro de um álbum fechado,
Foi engraçado, mas eu sorria,
Olhando aqueles retratos antigos,
Debochei mas, todavia,
Era um sucesso, eu não ligo,
Muitas fotos em preto e branco,
Num papel sem qualidade,
Pois, sou sincero e muito franco
Mas ainda guardo saudades,
Foto do pai e meu avô,
Que aqui não vivem mais,
Vem uma certeza e a dor,
Dos seus regressos jamais,
Foi muito bom rever meu tempo,
Trancado naquele armário,
Das relíquias um testamento,
Do primeiro aniversário,
Tinha bolo de milho ralado,
Cercado com guaraná,
Um cantar bem animado,
Lembranças guardo de lá,
Foto com a minha namorada,
A mais bonita do vilarejo,
Seu pai não sabia de nada,
E ela guardava meus beijos,
Encontrei um retrato antigo,
No colo da mamãe querida,
Esse sim mexeu comigo,
Derramei lágrimas sentidas,
Hoje, refiz meu caminho,
Colhi o que o destino me deu,
Trabalho, amor e carinho,
Realizei um sonho meu,
Vou guardar tudo de novo,
Para que eu possa rever um dia,
Da minha origem, desse meu povo,
No álbum de fotografia.
Francisco de Assis Silva é Bombeiro Militar em Rondonópolis.
Email: assislike@hotmail.com