AUTOPOESIA

A U T O P O E S I A

Eu não tenho a cabeça no lugar

apesar de algum conteúdo interno

tenho os olhos sonhadores

apesar dos dois pés no chão.

Quero sempre aprender

mesmo que seja de um analfabeto

e/ou de uma criança

e/ou de um ancião

Não sou vivido da escola do mundo

mas tenho vivências nas letras dos livros

Dentro de mim tenho emoções mil

às vezes do certo às vezes do errado

Sou realista, apesar de desprezar a realidade.

Não sei cantar, mas grito pela liberdade

Execro o preconceito

Cultivo a igualdade entre os vivos

Gosto de sorrir e fazer sorrir

Apesar de também chorar

Mas não faço ninguém chorar

estendo sempre a mão.

Não dou conselhos

nem sou exemplo a ser seguido

Não imputo lição de vida

Vivo e deixo viver

Não faço fita nem filme

se gosto demonstro com carinho

Não fui eu que plantei o ódio

mas adoro semear o perdão

Não sou mesquinho

Sou pela divisão igualitária

Detesto fofoca

Guardo a sete chaves todo segredo

Não dou trégua à injustiça

Abomino o atraso, sou pontual.

Não aceito discriminações

nem bajulações

muito menos castrações

sou pela irmandade

Escrevo anedotas, cartas e textos

apesar de não ter o dom

Mas acima de tudo gosto de ler

e venero qualquer coisa escrita

Não gosto do telefone

Nem de gravata e paletó

Reconheço sua utilidade

mas menosprezo sua necessidade

Jamais prometo o impossível

apesar de fazer promessas religiosas

as quais cumpro com fé

tenho meu código de honra

Adoro abraçar e ser abraçado

apesar de me mostrar arredio

às vezes estou longínquo

pode se dizer de presença nula

Adoro a chuva, a poeira, o barro

admiro a natureza, os animais

Estou sempre plantando árvores

E cultivando flores

Bondade também trago comigo

apesar de pouca e diferente

pois não sou paternalista

nem puxa saco.

Amo, acaricio, esbravejo

Jamais tenho explosão de cólera

volto atrás e reparto ternura

Sinto saudades dos amigos

(Junho/1988)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 11/04/2011
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