Cristal

Eu era cristal...

Brilhava uma infinita vaidade.

Brilhava uma infinita alegria, cheia de esperanças.

Um dia, ouviu-se um barulho de coisa quebrada.

Mas ele dispersou tão rápido meio a multidão dos sons do mundo.

Quem a quebrou, nem sequer se importou.

Quem a quebrou, nem sequer consertou.

Houve outras mãos a querer consertar,

Mas parecia que ali, alguma coisa faltava.

Faltava a vontade, esperança, a confiança, a auto-estima, a paixão, faltava o amor.

E por anos, em qualquer estante que se punha aquele cristal...

Não havia brilho.

Ninguém há de querer coisa estragada.

Restou o desprezo, restou a rejeição, restou a impaciência.

Em cada caco de vidro, se via sentimentos desconexos: dor, a mágoa, o rancor, a ferida, a tristeza, raiva.

Chegou-se por fim a pensarem: Não há mais jeito.

Chegou-se por fim a pensarem: Não há como consertar mais.

Mas um dia... Ah um dia...

Os cacos se perderam... a dor, a mágoa, o rancor, a ferida , a tristeza e a raiva... se perderam...

Alguém pôs a ajuntar... Não havia todas as partes...

Mas não se sabe porquê, essas foram aparecendo com o tempo.

Se via de volta um cristal... Não tão brilhante como antes, mas ainda sim com brilho.

Podia-se já ver a alegria, a confiança voltava, a vontade, a auto-estima, a paixão...

Via se aproximando a esperança...

E talvez, quem sabe... O amor.

Carolina Hanke
Enviado por Carolina Hanke em 20/04/2011
Reeditado em 28/02/2014
Código do texto: T2921085
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