A FINGIDA

Quando a noite era quase fria

Ela saia sempre sozinha

Sem rumo, sem destino

Sem ritmo certo

Nem perto, nem longe de nada nem ninguém

Trazia só uma dor há tempos guardada

Apoiada vez em quando em seu ser mulher

Já não chorava

Mas também não sorria

Era uma alegre e doce melodia

Apesar de tudo fingia muito bem ser feliz

Por um triz não foi atriz

Por dois anos meretriz

De uma forma escondida

Quando esteve por Paris

E o pai morreu achando

Que estudava em New Orleans

Mas que raios queria ela

Não sendo nem um pingo tão bela

Com o meio de suas pernas

Fingia até pra ela mesma

Que nasceu pernambucana

Achava a gente de lá bacana

Por gostar de seu lugar

Até a vida a abandonava

Mas o sorriso que estampava

Parecia fazê-la viva

Fingindo por uns segundos

Que amava amar a morte.

C.A.D. S.T.C