Maturidade

Tu lembras como foram bons aqueles dias

Quando podias andar descalço

Quando sorrias sem forçar a face

E tua alegria era ingênua e autêntica?

Tu lembras do quanto eras forte

Tua alma tão bela e corajosa

Teus passos tão firmes e elegantes

Tua vida um desafio divertido?

Tu lembras como eram grandes os teus sonhos

Tua chegada uma presença tão marcante

Nos teus olhos um brilho tão bonito

Teus amigos verdadeiros camaradas?

Não tens saudades daqueles tempos de outrora

Quando não te preocupavas com as horas

Na verdade os relógios não existiam

E a morte nunca te rondava?

O que fazes hoje de tua vida

Preocupado com a cotação do dólar

Querendo mais poder e mais prestígio

Iludindo-te com tuas vestes tão fantásticas?

Onde está aquele que um dia foi menino

Que corria pelos campos de pelada

Que amou a primeira namorada

E chorou quando pôde enfim beijá-la?

Cadê o ousado e rebelde

Que não tolerava tanta fome e injustiça

De tantas revoluções tramadas

Tão belo em seus delírios juvenis?

Hoje não sobrou quase nada

Tu cresceste e como mudaste

Estás mais velho e a morte ti é próxima

Tua luta foi tão grande quanto inócua

Construíste fabulosos impérios

Ergueste grandiosos castelos

Mas como é breve e frangível tua existência

Tens razão em temer tanto a morte

E se agora te resta dignidade

Se tu lembras que um dia foste um homem

Deixa as lágrima rolarem por teu rosto enrugado

Sente a dor por um vida desperdiçada.

Marcio de Souza
Enviado por Marcio de Souza em 11/05/2011
Reeditado em 11/05/2011
Código do texto: T2962643
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