Interlúdio em vácuo

Que vida que é vivida

Não pede do vivedor eterna guarida?

Quantas vigílias mais serão sensatas,

Quando de nossas encruzilhadas

Só recordamos sombras emolduradas?

Vemos a nós mesmos no mundo

Só quando o outro é evocado,

Sentimos o destino troçar fundo

Quando nos identificamos com o pecado.

Não é pranto, credo ou Lácio

Que nutre ou inane do homem o apanágio.

É a ânsia de vingar a cada presente

A continuidade ausente

Da lembrança tida em quadros.