Lembranças

Todos os finais de tarde,

Vou ao Arareau pescar,

Em silêncio e sem alarde,

Para os peixes não espantar,

Jogo a minhoca na água,

Não aparece um lambari,

Meu peito enche de mágoa,

Pois tantos peixes moravam aqui,

Vou tentando meio inquieto,

Passo de um lugar para o outro,

Vejo a água suja e dejetos,

Ali jogado, tão solto,

Pneus afogado na lama,

Animais mortos a céu aberto,

Fazendo parte do drama,

Deste futuro incerto,

Quadro de bicicleta no leito,

Junto a fogão inútil sem uso,

Algo que parece não ter mais jeito,

Um inaceitável abuso,

Recolho minha isca pra ver,

Ela está descorada e branca,

Nenhum peixe veio comer,

Que vou fazer em minha janta?

Vejo essa água que aparenta doente,

Uma lama impura e sem vida,

Numa imagem feia indecente,

Que não pode ser esquecida,

Lembro-me de um passado recente,

Onde nossa água era cristalina,

Faço um regresso em minha mente,

E nada disso combina,

Oh! Meu Rio Arareau,

Alimente sua esperança,

Que seja da terra o sal,

Mantenha viva a elegância,

Sei que luta pra não morrer,

Suspira de forma ofegante,

Jamais vamos te esquecer,

Nossa defesa é constante,

As cortinas de barro te anula,

Mas a enxurrada não permite,

Pois a solução venha na bula,

Não vai morrer, acredite.

Quero os meus lambaris de volta,

As curimbas, bagres e lobós,

Que voltem a nado sem escolta,

Nesta paisagem de dó.

Francisco de Assis Silva é Bombeiro Militar em Rondonópolis.

Email: assislike@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 30/05/2011
Código do texto: T3002921
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