A MISÉRIA DO AMOR

POEMA:

“Não solte a corda que me amarra à tua alma”

(Pichação num muro em Buenos Aires)

Bom, se houvesse o amor, eu talvez acreditasse nele

Pensam que o meu sucesso com as mulheres

É por causa dos meus olhos verdes

Não. Lógico que não!

O meu sucesso com as mulheres se dá

Porque sou poeta e sei mentir os sentimentos

Por ser apaixonado finjo ser apaixonante

Entediado cheguei à seguinte soma:

Ter sucesso com as mulheres não é ter sucesso com o amor!

Incrível o poder quem tem a poesia em mentir

Dificilmente o poeta beija os pés da sinceridade

Quando sente ou quando fala

Quando chora ou quando cala

E não há um só sentimento que consiga se sustentar

Sobre o ponte da mentira

Os românticos se destroem

E os canalhas, que não amam nada, nem o amor de ninguém

A não ser a miséria egoísta da paixão

Toda noite faz amor com alguém além dos vários alguéns

Oposto do que pensam

O amor não é uma questão de jura ou promessa

E sim uma questão de decência

Mas será que existe decência entre os corpos nus

Se amando e transando o sexo sem mais nem menos?

A humanidade é por culpa dos orgasmos, não do amor

Assim como o amor existe por culpa da ilusão, não da sinceridade

E no fim de tudo, o tudo acaba solitário, pois

Queira você ou não

O nada é uma coisa que é

E o sentimento é um doente carente de solidão

Será mesmo o amor uma grande obra do sentimento

Ou apenas mais uma falsa mísera farsa da ficção?