Mosca de Brejo
Vive nas margens da lagoa
Comendo restos mortais
Faz dos galhos seco a canoa
Das ribanceiras o seu cais
Deita nas folhas de capim
Enquanto a chuva não cai
Pois escolheu viver assim
E desse ambiente não sai
Não curte a vida em colônia
Não se expõe em lugar aberto
Seu medo provoca insônia
Tantos inimigos tão perto
Teme pererecas amarelas
Mantêm distância dos sapos
Foge das rãs tagarelas
Nas trincheiras verdes do mato
Não encanta, nem canta nada
Assusta-se com qualquer barulho
Não grita, vive calada
Mas ladeada de orgulho
Pois sabe que se vacilar
Torna-se comida de visitante
Portanto é bom se cuidar
Viver é tão importante
Teme morrer de repente
Sem que ao menos possa lutar
Por um gavião ou serpente
Mosca carente, sem lar
Previne-se o quanto precisa
Esconde da chuva e da tempestade
Adora apenas luar e brisa
E todo o bem da verdade
Há poucos dias naquele lugar
Assistia uma luta fatal
Um ataque sem avisar
Algo insensato, anormal
Viu uma vaca beijar o lago
Mas o jacaré pulou ligeiro
Puxou pra água, fez um estrago
Um criminoso grosseiro
Francisco de Assis Silva é Bombeiro Militar em Rondonópolis
Email: assislike@hotmail.com