TRAIDOR

Ele me esperava contemplativo

Inerte, repousando ao seu comprimento.

Já ouvira, antes, superlativos,

Nada que mudasse seu comportamento.

Ao primeiro gole, paladar.

A cor púrpura, razão.

Das uvas, o respaldar.

Próximo sentimento: emoção!

Depois do primo hausto,

Preguiça.

Logo, me vi fausto:

Cobiça.

Contei bravuras e bravatas,

Cantei canções ao léu.

Manchou de tinto a gravata,

Tinteiro vivo pra meu cordel!

Falei mentiras com tom de verdade,

Veracidades à língua solta.

Terceira taça sem sobriedade,

Riso frouxo, pouca roupa.

Nada quis além de deleite.

Ele me levou além,

Fez-me ser algo em falsete,

Traidor: vinho, porém.

Tarcízio
Enviado por Tarcízio em 24/06/2011
Código do texto: T3053869
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