SETE PALMOS ABAIXO DO SOLO

Deus não escreve certo por linhas tortas

É você quem não sabe ler

Ou ainda não entendeu que a sua visão torpe

Lhe permite apenas enxergar o graveto ao longe

Se é tão importante a liberdade de expressão

Então não sei por que você quer mudar a minha opinião.

Tenha os seus argumentos e argumente comigo

Mas não queira sempre me ter ao seu lado.

Há tempos tento encontrar a direção do trem

Mas se mudo por isso ou por aquilo

Sempre tem alguém que acredita que isso é anormal

O melhor então é nascer torto e morrer do mesmo jeito.

Essa mentalidade fraca não suporta QI

Apesar de você achar que é um superdotado

Mas esqueceu que não se aprende sem questionar

E você passou por essa vida colecionando figurinhas.

Nasci numa era distante da que deveria

Convivendo com amebas e protozoários.

Mastigo o mesmo lixo intelectual atual

Só não engulo pra não passar mal

Amigos já são tão escassos quanto carroças

E as três horas da manhã ainda me pego acordado

Procurando alguma coisa perdida no descuido do tempo

Encontrando chaves que não sei pra que servirão.

Perdido no meio do compasso do tempo

No fim da aurora da utopia

Que cantava canções de ninar

E me fazia lembrar o quão bom era ser pequeno.

Deus não escreve certo por linhas tortas

Mas você acreditou que tudo era apenas um ditado popular

Tente nunca se esquecer de lembrar

Que a voz do povo nunca foi a voz de Deus.

Veja bem o que eles são

Velhos demais pra entenderem

Novos demais pra perceberem

Inertes demais para mudarem a direção.

E tudo vai ficando assim como está

Pra pior do que está sempre há um jeito

Porque rever o caminho e voltar ninguém quer fazer

Porque rever o caminhar e mudar ninguém quer encarar.

Então não venha apenas me criticar

Conheço as pedras que caíram do lado de cá

Muitas delas deveriam ter sido a minha trincheira

Mas o que importa se agora chegamos ao fim.

No som, a música, eu não quero mudar

Vou ouvir meu rock alto enquanto puder

Enquanto as luzes da cidade se apagam

Em mais um circo de hipocrisias comercial.

Aprenda com o seu sorriso amarelo.

Não precisa de chiqueiro pra se contorcer na imundícia

Há palácios com pedras preciosas

Saboreando fel com gosto de caviar.

E se eu acordar as quatro horas não me deixe dormir.

Riva Moutinho 16/06/2011