De um ausente
Se alguém pudesse ver
através de mim,
veria que continuo aqui,
mas já fui embora.
E se esse poema
soa igual aos de outrora,
é porque seu autor
não está mais aqui.
Ensaio um sorriso plástico
de clown amargurado
que faz castelos de alegria,
mas não tem onde morar.
Vou improvisando meu caminho,
talhado passo a passo,
como a doce bailarina
que segue a dançar
com os pés quebrados.
Eles dirão que sou inteligente,
simpático, piegas, dramático.
E eu lhes responderei
que não estou nem aí,
muito menos aqui.
Thiago Cardoso Sepriano