Poema de Verão
Para escrever este poema de verão
Não viajei para o sertão;
Escrevi na neve do Himalaia
Para fugir desta gandaia,
Não usei haxixe
Só farofa de maxixe;
Também ganhei de um soldado alemão
Um velho jipe de guerra
Para invadir a Inglaterra;
Lá encontrei Saramago de caneta na mão
Pedindo para eu jogar fora meu lápis de carvão;
Mim presenteou com uma caneta
Que pertencia ao grande Dom Sebastião
Embarcamos num trem até Paris
Onde ele ia palestrar num famoso museu
Eu sabia que ele ia demorar;
Então fiquei num bistrô para meu poema
De verão terminar
Saramago pra Lisboa foi embora
E eu acordei na mesa de um boteco
Com este poema de verão na mão
Esperando chegar o inverno
E as fogueiras de São João.