Teatro em corda bamba

E eu finjo que não dói

E eu falo que não sinto

Digo coisas que corrói

Faço coisas que omito

Visto o rosto que me resta

Disfarço-me de eu mesmo

Sem censura, sigo a peça

Drama longo, sem começo

Um teatro em corda bamba

Em uma sala espelhada

No reflexo há o medo

Só o medo e mais nada

E no silencio de um momento

Há uma lâmina de vento

Corta a corda e pára o tempo

Eis então o meu tormento

Pois o vento é sentimento

Encerra o ato em descontento

Fecha as portas do teatro

E assim acaba o espetáculo

Outra noite, outra peça

Outra máscara, talvez

Mas o fim do grande show

Será o mesmo outra vez

Pedro Alencar
Enviado por Pedro Alencar em 12/07/2011
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