Fim de Tarde
Se parar para pensar há quanto tempo não me sento debaixo da janela, nem no parapeito da varanda ou no alpendre da casa,
não saberei dizer...
Já fazem tantos os meses, talvez anos,
que me prendi a outras dores, esqueci os amores
e não me deixei mais viver,
que não sei bem dizer há quanto tempo
não sinto aquilo que só eu consigo entender.
Às vezes me desdobro no dia,
para conseguir contemplar o sol indo-se embora
e as nuvens brancas alaranjadas ficarem.
Mas não é mais a mesma coisa de quando criança.
Não sei se são os anos duros da vida que nos deixam mais cheios de angústia ou se são as constantes partidas que nos levam a esperança.
E no alto dos prédios, os pássaros ainda pousam; às cinco da tarde meus sonhos ainda repousam, jajá as luzes ascendem,
o tráfico carrega, a brisa aumenta,
mas nada volta a ser como era.
Bem longe da realidade, aquela estranha sensação ainda me alcança.
E no tédio da vida cotidiana,
são os fins e tarde que ainda tenho na constante lembrança.