Reencontro

A folha em branco me chama
Clama pelos meus versos
Do papel já não dou notícia
Mas na telinha fria
Do computador
Sei da alegria
E da dor
Que às vezes meus dedos
Pouco afeitos à tecnologia
Dedilham palavras
Que se somam
Ou se amontoam
Tentando lembrar a poesia
Latente em meu coração


Ando um pouco arredia
A essa doce conspiração:
Eu e o virtual.
É que ando meio apaziguada
Com a realidade
E o poeta vive da utopia
Comunga a fantasia
Que paira sobre os mortais


A página em branco continua
a minha espera
Me espreita a cada momento
me chama
Ora pro café da manhã
Ora pro almoço
Mas quase nunca pro jantar
É que não sou afeita à tardança
Sou do dia
Da luz do Sol
Penumbras
Só as bem sensuais...

Porque sou mulher
No meu bem-querer
Deixo as inquietações
da alma de lado
E me entrego ao prazer
Agora real
Com cheiro
Tato
Com todos os sentidos aguçados


Mas....
Tudo isso se torna intenso
Porque nasceu
Dessa minha amorosidade
Aliada à lascívia
Que vem de lá de trás
Muito além do meu trisavô.


Hoje consegui preencher
Mais um vazio
A telinha conseguiu seu intento
Estou em paz com minha poesia.