A casa
A casa velha de minha mãe,
onde aprendi a amar: a primeira letra, o primeiro acorde.
Onde os irmãos ainda vivem juntos lado a lado, na parede da sala.
A casa da minha velha mãe,
de onde o amor, filho perfeito, jamais abondona a casa.
Risos e choros,
espera e alegria,
a noite reinventando o dia.
O medo dos temporais
jogou-me para baixo da mesa
e ensinou-me a rezar às pressas...
De onde vem a família?
Do que é constituído um irmão?
A casa velha de minha mãe,
onde matei a asma e enterrei o álcool,
onde a incompetência da morte não conseguiu levar meu pai.
Ah, casa onde eu não moro mais e que habita em mim!
Ah, minha casa que abriga
o abraço de longas separações
e desesperados pedidos de bênçãos!
A eterna casa de minha mãe,
onde a poesia se curva
diante de tamanho amor,
de inexplicável perdão.