A casa

A casa velha de minha mãe,

onde aprendi a amar: a primeira letra, o primeiro acorde.

Onde os irmãos ainda vivem juntos lado a lado, na parede da sala.

A casa da minha velha mãe,

de onde o amor, filho perfeito, jamais abondona a casa.

Risos e choros,

espera e alegria,

a noite reinventando o dia.

O medo dos temporais

jogou-me para baixo da mesa

e ensinou-me a rezar às pressas...

De onde vem a família?

Do que é constituído um irmão?

A casa velha de minha mãe,

onde matei a asma e enterrei o álcool,

onde a incompetência da morte não conseguiu levar meu pai.

Ah, casa onde eu não moro mais e que habita em mim!

Ah, minha casa que abriga

o abraço de longas separações

e desesperados pedidos de bênçãos!

A eterna casa de minha mãe,

onde a poesia se curva

diante de tamanho amor,

de inexplicável perdão.

Alexandre Lettner
Enviado por Alexandre Lettner em 25/07/2011
Código do texto: T3118063
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