Nua
Teu corpo expediente de pão e afeto
rascunho de um totem sagrado,
que gerou a forma dos anjos.
Teus olhos, dois poemas vivos;
teu nome se faz mister nas casas de açucar.
Nos pomares, onde residem os romances das tardes, lá tu
tiveste origem.
Onde a beleza gera tua gente, é o teu teto.
Nua, tu és o mar: teus quadris, o vaivém das ondas,
teus beijos, os peixes.
Oh amantíssima! És tua a sereia do eterno mar.
Nua é quase, és tudo.
Mínima impossível.
Nua és o ápice do sexo vivo,
a saliência sensual da carne.
Despida, és o nome do silêncio.
Se foges de mim, perco-me num infinito vazio,
Minha vida fica à mercê da solidão no cio.