Presente
O chão e o céu dobraram
e estraçalharam-me no meio.
Enquanto água e lágrimas se misturavam,
E todo o presente escorria além mundo
As cores e as vibrações alcançadas
Socavam-me o estômago
E toda a dor que eu sentia era do passado,
Tudo o que ele diz não importar é pelo que sofro
Com relação ao que era, eu nada sou
Eu sequer aconteci, sou grão de areia na história
Com relação ao que foi e ao que se perdeu,
Eu me perdi.
E se o que era for o meu futuro?
Se o mesmo carinho for amordaçado?
Não sei se tenho uma década pra me arrepender,
Pra fugir do sofrimento por entregar-me sem saber
A voz ecoa tentando me acalmar,
Suavemente pede "não vire estátua de sal"
Mas se não posso entender o antigo equivoco,
Como posso ter certeza de não o novamente cometer?
A insegurança persiste, se esvai por todos os poros do meu corpo
Me envolve até que eu não possa respirar
O presente é mágico, ou sou apenas facilmente iludida pela vida?
Não seria a primeira vez..... não seria o ultimo tormento...
Como arriscar o perfeito e inimaginável com sabedoria,
Sem destruir um futuro de dor e despedidas....
Ainda escorre o resto de mim no caos formado pela dobra do mundo
Caminhei pelo céu e o chão riu de mim...
Tinha um olhar aguçado e sarcástico,
Parecia dizer, quer eu acreditasse ou não,
Quer minha visão me enganasse ou não
Que tudo era irreal e que a relação do passado nunca se perderia,
O chão sorria e dizia "um dia você volta pra mim".
Eu nem sei mais o que eu queria...