Presente

O chão e o céu dobraram

e estraçalharam-me no meio.

Enquanto água e lágrimas se misturavam,

E todo o presente escorria além mundo

As cores e as vibrações alcançadas

Socavam-me o estômago

E toda a dor que eu sentia era do passado,

Tudo o que ele diz não importar é pelo que sofro

Com relação ao que era, eu nada sou

Eu sequer aconteci, sou grão de areia na história

Com relação ao que foi e ao que se perdeu,

Eu me perdi.

E se o que era for o meu futuro?

Se o mesmo carinho for amordaçado?

Não sei se tenho uma década pra me arrepender,

Pra fugir do sofrimento por entregar-me sem saber

A voz ecoa tentando me acalmar,

Suavemente pede "não vire estátua de sal"

Mas se não posso entender o antigo equivoco,

Como posso ter certeza de não o novamente cometer?

A insegurança persiste, se esvai por todos os poros do meu corpo

Me envolve até que eu não possa respirar

O presente é mágico, ou sou apenas facilmente iludida pela vida?

Não seria a primeira vez..... não seria o ultimo tormento...

Como arriscar o perfeito e inimaginável com sabedoria,

Sem destruir um futuro de dor e despedidas....

Ainda escorre o resto de mim no caos formado pela dobra do mundo

Caminhei pelo céu e o chão riu de mim...

Tinha um olhar aguçado e sarcástico,

Parecia dizer, quer eu acreditasse ou não,

Quer minha visão me enganasse ou não

Que tudo era irreal e que a relação do passado nunca se perderia,

O chão sorria e dizia "um dia você volta pra mim".

Eu nem sei mais o que eu queria...

Andréa Nogueira
Enviado por Andréa Nogueira em 28/07/2011
Reeditado em 28/07/2011
Código do texto: T3124063