Nestas minhas desventuras

por caminhos tantos

ora a ser poeta

a vestir-me de encantos

outras um mulambo

procurando abrigo

por escuros cantos

 

percebi que o canto

só é bem sincero

quando na garganta

o triste nó desata

tal qual serenata

a encantar donzelas

e que na amargura

até a doce água

é tal qual cicuta

 

vi que tal um rio

é também o pranto

que dá o alimento

e que na fereza

da estação da chuva

leva a flor da margem

e toda bonança

e então a seca

é tida por graça

 

 

Vi que há riso que dói

e pranto que consola

assim também a flor

que em sua triste sorte

Por vezes se faz vida

noutras faz-se a morte

 

e sem queixas

entrego-me ao destino

que me faz assim

por vezes menestrel

a inventar histórias

Noutras tão inábil

como frio mármore

a esperar meu fim...

 

Cristhina Rangel

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 02/08/2011
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