BOLHAS DE ALGODÃO
Ninguém viu mas atrás
Da palhoça três cruzes
Eram o santuário dela rezar
Três filhos ali enterrados
De inanição
Pela manhã e a noitinha
Era o mesmo ritual
Até que se mudaram para a cidade
Filha de fazendeiros milionários
Seguia a sina sem mágoa
Sufocando a rejeição
Teria outros filhos mas não apagariam
Da lembrança e o vazio
Deixados no coração
Mais nove agora todos coradinhos
E espertos
Agora podes sorrir a agonia já
Se vai ao longe
desafios agora tem gosto
de vitória
E a dor que abrigava o peito
Pode agora tomar rumo e
Dissipar-se na memória
Mas as brincadeiras
Dos canudos de mamona
E das bolhas de sabão
Agora são nas mãos dos pequeninos
Bolhas de algodão