BOLHAS DE ALGODÃO

Ninguém viu mas atrás

Da palhoça três cruzes

Eram o santuário dela rezar

Três filhos ali enterrados

De inanição

Pela manhã e a noitinha

Era o mesmo ritual

Até que se mudaram para a cidade

Filha de fazendeiros milionários

Seguia a sina sem mágoa

Sufocando a rejeição

Teria outros filhos mas não apagariam

Da lembrança e o vazio

Deixados no coração

Mais nove agora todos coradinhos

E espertos

Agora podes sorrir a agonia já

Se vai ao longe

desafios agora tem gosto

de vitória

E a dor que abrigava o peito

Pode agora tomar rumo e

Dissipar-se na memória

Mas as brincadeiras

Dos canudos de mamona

E das bolhas de sabão

Agora são nas mãos dos pequeninos

Bolhas de algodão

AMÉLIA CAMPOS
Enviado por AMÉLIA CAMPOS em 12/08/2011
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