De mar e barcos

Quando turvo meu olhar,

depois que voltamos a ser dois

e pelas ondas do meu mar

morro antes e morres depois

levanto teu silencioso veleiro

que singra à deriva pelo vento

ao rumo de um cais sem paradeiro

de águas, cios e movimento

e na sombra de tudo que nos ronda

deixo-te afundar nas águas salgadas

no verde do meu mar volto a levantar onda

para teu barco zarpar nas viradas

e te levo ao fundo do meu oceano

te faço beber as tempestades

te risco e altero todo o plano

da navegação das tuas vaidades

e te deito em águas de remanso

barco e mar em onda de alabastro

acaricio teu casco de modo manso

só para ver erguido o teu mastro...