Mão de obra (poema para Daniel)

Eu ainda te conheço:

mas você é hoje

uma casa de muitos cômodos.

Mal implode uma sala e você,

as mãos enfiadas na argamassa,

já ergue paredes.

Achávamos que éramos

meninos de ouro

mas hoje em dia nos refazemos

de concreto armado--

alicerce, pilares e fachada.

A tua filha terá palácios.

Ela se acomodará nos teus ventrículos.

Sentada no peitoril de grandes janelas abertas

ela sentirá a plena força

da tua mão de obra.