Jaz Mim

Sou barco lento que passa

com rumo desconhecido

ave que caiu na volta

de um vôo que não tinha ido

a branca flor do jasmim

que perfumou minhas noites

de sono que não dormi

e o tempo levou consigo.

Pecados não perdoados

pelos santos cometidos

o beijo que não foi dado

em lábios grossos, molhados,

hoje murchos, ressequidos

a dor que não foi curada

palavras nunca faladas

agora som de gemidos

o sangue no fio da espada

as cicatrizes mostradas

pelos rasgos do vestido

flor do jasmim amassada

dos sonhos que não sonhei

em sonos nunca dormidos.

Silêncio em tempo de guerra

intercalando estampidos

corpo tombando por terra

sem vida e sem ter morrido

sinos que nunca dobraram

corpos que não se tocaram

amor que nunca foi feito

mas teve um filho parido

tão triste quanto o jasmim

que perfumou minhas noites

de sono que não dormi

de sonhos que não sonhei

de amores que não fiz

em dias já esquecidos!

JJ Braga Neto

Com um beijo no coração, da grande poetisa MILLA PEREIRA, que mestre em redondilhas, deu-me a honra de das sequencia ao meu Jaz Mim:

Sou flor que não desabrocha

o botão não renascido

a dor que o peito arrocha

o tempo morto, vencido.

Sou a água que não corre,

o sangue que me escorre

deste coração ferido.

Sou ave de asas quebradas

que não construiu seu leito.

Sou a voz fraca, calada,

estancada em meu peito.

Sou a pálida imagem

da vida, só a miragem,

dessa sorte, que eu rejeito.

Sou a fera adormecida,

sem forças para rugir.

Pecadora arrependida

sem paz para refletir.

Sou mar revolto, bravio

um corpo morto, vazio

que insiste em não cair!

(Obrigado Milla)