De onde vem esse choro?

Choro esse não criado que ainda não explodiu

que ainda não vejo mas jaz entumecido em mim.

Choro pelo ainda desconectado entre mim e o mundo.

Choro meu desejo de criar

como uma artesão cósmica

conectando o mundo ao caos.

Criar o invisível escondido sob palavras não ditas,

sob o tempo não vivido

torná-los vistos, visíveis e sensíveis.

Por absoluta necessidade

sou capturada por esse ato prenhe de criação

por essa força caótica que engedra em mim o novo.

Essa necessidade de conexão

eu identifico como a vida pulsante

que vinga em mim como devir.

Anseio criar

a partir da sensação de permanência

não como desejo de imortalidade

mas como sensação de duração.

Sei que não saio ilesa do tempo

mas desejo criar algo que me ultrapasse.

Norma de Souza Lopes