Sinceridade
Há tanto mistério guardado sob o céu dos ateus
Que muitos passam a clamar em nome de um Deus
Talvez por temer perder a poesia de viver sempre num dia
Todos os dias das suas vidas!
Mas vá, até os que não creem em destino destinados estão
A sofrerem os mais estapafúrdios desatinos danados de saudade
Quando um amor apaixonado adentra sem lhes bater à porta
É dado o sinal do coração pensado inteligente, chorar!
Ah! Aí o mundo calmo e meticulosamente planejado
Mesmo com as intempéries a branquear os cabelos
Resolve perder a serenidade, e descabelar-se
Nada do que foi vivido se assemelha, quiçá a morte!
Nem que seja um pouco, ainda que renasça o morto
Nunca terá a mesma forma, a mesma face, o mesmo olho
Porque é preciso morrer para amar assim, só assim
Tudo adquire outra cara, outro jeito, outro efeito!
E se tudo inda parecer fácil para o pensamento
Tão acostumado ao comando, ao mando, haverá o outro
Como o frio e o calor se encontram na primavera
Como o dia e a noite se apaixonarem!
Viver ruminando a possibilidade de um encontro, genuíno
Além do absoluto silêncio no pôr do sol, no sonho
No corpo dormindo em descanso a alma não dorme, aí há que quedar todo pensamento, abrir todas as fronteiras, depor todas as armas!