No fundo do tempo
No fundo do tempo se oculta luz lasciva
Prisma multicor de um sol antigo
A rua é só rumores
De passos sobre o asfalto cúmplice de tua fuga.
Já se faz altas horas respingadas de sereno e lágrimas
Você se veste com a nudez de todos os espelhos
E se reflete em festas da própria alma.
Ao vê-la passar penso em suicídio,
Jogar-me no poço de seus olhos
Atirar-me insensato no abismo de seus braços
Enforcar-me em seus cabelos revoltos
Envenenar-me de suor e saliva
Tento não olhar
Mas meus olhos se amotinaram
Na última encruzilhada
Depositária de teus feitiços.