VELHA CHAMA
Amei-te como nunca amado havia,
Em devoção profunda e incontinente.
Tua imagem, povoando minha mente,
Deleitava-me e as horas coloria.
Porém (pobre de mim!), chegou o dia
No qual o desengano incomplacente
Desfez-me as esperanças, e entremente,
Fez-se pranto o que era antes alegria.
Eu, que permaneci na sepultura
Da minha negra e triste soledade,
Ao ver-te agora em plena formosura
Sinto outra vez o ardor da velha chama
Que me aviva uma cálida saudade,
E a mágoa do meu peito envolve e inflama.