Desamor





Quando me escondia do mundo
Como um caramujo nojento
Um raio de sol tocou minha pele
A carícia da brisa brincou com minha casca
E um céu colorido exibiu-se para mim
Comecei a curtir o sol no rosto
E sorrindo, brincando,
sentindo o amor,
Entreguei-me inteira
à delícia do ar
Meus olhos, abrindo-se, só viram
A cor desse céu,
a prata do luar

Agora, caramujo que sou,
novamente me escondo
Me afundo, me envergonho, me arrasto
Tenho pena de mim, da minha feiúra
Do vil aspecto, do asco que causo
E com medo de outro soco,
mais um pé no chão,
Vou chorando, sofrendo, escorregando
Prá um canto limoso do muro
E lá me agarro,
me esfolo, me desfaço
Prá não causar mais nojo,
mais asco.







imagem:  de autoria  não localizada