Agora eu vejo

Agora eu vejo com olhos miúdos
o que antes, com os olhos abertos, eu não via,
agora eu ouço no murmúrio
o que antes, aos berros, eu não ouvia,
agora eu percebo na loucura
o que antes, na placidez, não percebia.

Mas o que agora eu faço
e que antes eu não fazia?
Ou o que sinto agora
e antes não sentia?

E por que fugiu do sonho,
enfim e de vez, a fantasia?
E por que não ouviste, amada minha,
o que um dia eu te dizia,
e por que me deixaste então partir,
se na verdade eu nem queria?