Poesia

Escondida atrás da porta

a espreitar-me furtiva,

ora aparece, ora some,

provoca-me e logo se esquiva,

acena-me num gracejo,

sussurra-me numa brisa,

transporta-se com o vento,

fugaz, falaz, inconstante

se apossa do pensamento

e em seguida, distante,

transforma-se num arpejo

que se perde num instante.

Em vão busco o reencontro;

foi-se leve como um sonho

descansar noutras paragens

no rastro da fantasia,

em mim só deixando imagens

doces, ternas, tristes, vãs:

fugiu de novo a poesia.

Lu Narbot

Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004

Lu Narbot
Enviado por Lu Narbot em 28/10/2011
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T3303097
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