PERECÍVEL

O AMOR FOI FICANDO PERECÍVEL.

ROENDO A CORDA VASTA , CASTA E CEGA À EXAUSTÃO.

O NÃO MAIS CRÍVEL FOI APOSSANDO-SE....

DA INAPARENTE RAZÃO.

DOS VEDAS, DA CHALEIRA, DAS ENTRANHAS,

DAS ORELHAS, VELOZMENTE.

NUM DIA QUALQUER DA VIDA.

CHEGOU A UM DOS CORAÇÕES.

TATUOU O FINAL DE UM FILME AMARGO.

OS CACOS DO AMOR GRITAVAM BASTA!

NA ESPIRAL BAILAVA UM ADEUS.

NA CUMEEIRA DA ALMA POSTOU-SE O TEMPO.

ASSOPRANDO AO LONGE O PÓ DAS RECORDAÇÕES....

O QUE ANTES ERA ETERNO

ERA AGORA A TERRA DA DISSOLUÇÃO.

O LIMO DAS PAISAGENS DA VIDA A DOIS

TORNOU-SE MÁRMORE ESCURO

TODAS AS PALAVRAS ENDURECENDO-SE

AO TEMPO EM QUE SAIAM DOS LÁBIOS....

ARREPENDIDAS.

TENTANDO EM VÃO RETER O AMOR PERECÍVEL

AS CARTILAGENS FINARAM-SE EM ÁGUAS

TANTO AS FORTES, QUANTO AS FRACAS.

O VENTO VELHO, FRÁGIL E DESFALCADO

LEVAVA PARA LONGE O SENTIDO

O DIRIGIVEL DAQUELE AMOR.

PERECÍVEL ERA TUDO.

O FERRO ESCURECIDO E LÍQUIDO SEPULTAVA

NA FERRUGEM E NOS PLANOS

TODA A MATÉRIA E SENTIMENTO

ABSTRAÇÕES DO ANTES, AGORA DISTANTES.

A MÁGICA IMPURA EM FALSO SOLUÇOS.

VÃ ESPERANÇA DE FIRMAR-SE AÇO

AVISTAVA JÁ NO ETERNO, A AMOR ACABADO.

PERECÍVEL, O AMOR ERA UM CÁLCULO

VIVENDO OS SEUS ÚLTIMOS DIAS.

ERA UM CANTO TRISTE....

O VELUDO ROÇANDO UMA POESIA MORTA.

EM CADA MONTANHA, VIA-SE AGORA

UMA FACE CANSADA, OUTA FACE ISOLADA.

PERECIVEL ERA O AMOR.

E O ETERNO AGORA DORMIA NA LUA.

MAURICIO DE AZEVEDO

PÚS MODERNO.