INEXPUGNÁVEL

UM DIA DEIXAREI QUE O VENTO CONTE.

A NOSSA BELA HISTÓRIA DE AMOR QUE NÃO FOI.

DEIXAREI TAMBÉM QUE UMA ESTRELA CANTE, SOTURNA,

A TUA CANÇÃO PREFERIDA.

UM DIA IREI ATÉ O CENTRO DA TERRA.

REMEMORAR O AMOR QUE NÃO NOS DEMOS.

DEIXAREI , NELA, A MINHA CABEÇA CORTADA.

RECITANDO-TE VERSOS DE AMOR.

TALVEZ NUNCA SERÃO DOCES E ORIGINAIS.

MAS CERTAMENTE , SERÃO , OS FINAIS,

UM DIA SENTAREMOS, NÓS DOIS.

CADA UM DE NÓS, EM UM GRÃO DE POEIRA DO UNIVERSO.

SEM DIREITO A MÚSICA.

COM A ESCURIDÃO A NOS ENTRETER.

E TAMBÉM A FAZER-SE.

UMA NOITE INEXPUGNÁVEL DO DESCONHCER-SE...

COM UMA RIMA PERDIDA, NAVEGANDO...

E VASCULHANDO TODOS OS CANTOS DO ESPAÇO NEGRO,

PERFILANDO TODOS OS DESENCONTROS

DO NOSSO GLACIAL ENGANO.

ANTE OS METEOROS E AS FLORES.

NOS MAGMAS DO AMOR SUCUMBIDO......

VEREI ENTREI CRISTAIS, OS TEUS BEIJOS CAIDOS.

E NÃO OS SAUDAREI.

RECOLHEREI TODOS OS BOUQUETS .

DEPOSITADOS EM CADA UM DOS SEUS POROS.

TALVEZ EU TE PEÇA A ROSA DE VOLTA.

TALVEZ EU TE COBRE O SOL.

NAS FARPAS DA NOITE, NÃO HÁ MAIS ESPERANÇAS.

NO SOLO, SÓ AS CRATERAS , REGISTRANDO-NOS,

EM SONHOS.

DANDO A DIMENSÃO DO QUE REALMENTE SOMOS.

PEQUENOS E PEQUENOS.

INFINITAMENTE, LÁ ESTARÃO OS IMATUROS CISCOS.

QUE FORJARAM NAS SEMENTES DO AMOR.

OS TOLOS ESPINHOS.

SE NÃO COMPREENDEMOS O AMOR.

DEIXEMOS O PARTIR, INEXPUGNÁVEL.

O CANTIL JÁ NÃO POSSUI MAIS ÁGUA.

ANTES, ELE CONTINHA UM RIO.

O TEMPO ESQUADRINHOU TODOS OS MEUS SENTIMENTOS.

E O QUE FEZ ELE, COM OS TEUS ?

NOS JORNAIS DA HUMANIDADE.

NÃO SE PUBLICAM MAIS POEMAS DE AMOR.

MAS O RISCO MAIOR É O MUNDO FICAR VAZIO.

COMO FICOU O NOSSO CÉU.

SE EU PUDESSE, TE AMPARARIA COM AS MÃOS.

SE EU PUDESSE, TE DARIA A RAZÃO DO AMOR.

MAS REVESTIU-SE DE FALSO TANTRICO,

O NOSSO SUOR CADA VEZ MAIS GELADO.

SE FECHOU NO IMPÁVIDO AÇO.

DO AMOR INEXPUGNÁVEL.

EU TE ABRO OS MEUS BRAÇOS EM VÃ TENTATIVA.

TU TRAZES-ME A ROSA DESCORADA.

A ESTRELA, MUDA , FERIDA E PERDIDA.

ESQUECEU A TUA CANÇÃO.

INEXPUGNÁVEL.

MAURICIO DE AZEVEDO

PEQUENA JANELA PARA UMA RAZÃO POÉTICA.