GLAMOUR

A minha alma não se cansa

Nem afronta meu corpo tal realidade

Prossigo sem ver mudança

No amor que ultrapassou a eternidade

Conservo-me vivo e forte,

Ainda que me estreite de leve a morte.

Sou de tal modo viçoso

Que trago no peito tamanha glória

Troféu de um vitorioso

A escrever com sangue a sua própria história,

Entrego-a aos desvalidos

Para que sejam por ela remidos.

Que o amor, ao amor se renda

Sem razão, sem reservas, sem mistério,

Que seja por fim só uma prenda:

Conservar-se inaudito, sempre etéreo,

E vencido todo mal,

Sejam todos amantes, amantes afinal.

Estabeleço assim meu destino

Contrariando roteiro de autor falaz

A conservar-me homem-menino

Amante da vida, amante da paz

Que todos digam amém

Os deuses e os diabos também.

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 10/11/2011
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